Perdas Valiosas

Posted On Mar 14, 2021 |

A condição que a "Perda" te impõe...

Cada vez mais, enquanto Coach, me surge a necessidade de te falar da “PERDA”, essa falta que primeiro sentimos de forma dorida e que marca profundamente novas fases no nosso percurso.

A perda é uma condição. Uma nova condição. Esperada ou totalmente inesperada, mas sempre pautada pela mudança por si imposta. Não fomos ou somos educados a perder e não sabemos gerir as emoções associadas à perda. Seja ela de que natureza for, vivemos habitualmente, para não dizer sempre, a perda com “pesar”. Uso este reforço linguístico para intensificar o que na prática, na nossa vida, experimentamos tão negativamente sobre a perda.

Partilho contigo que grandes mudanças que se operaram em mim, tiveram início em perdas significativas, na perda do meu pai aos 19 anos de idade e, por várias vezes na minha história,  na perda de um propósito: sempre que me senti desvinculada de mim ou de um sentido maior.

A estas perdas seguiram-se dores, lutas internas, emoções adversas, tempos de reação pura e dura… até que, por fim, quando acolhia finalmente a perda, pude, então, começar a caminhar e definir novos rumos.

Não há um tempo específico para lidar com a perda, mas este tempo tem de acontecer. A forma como cada um a vinvencia é única… não há fórmulas mágicas e universais, mas há um caminho…

Hoje falo-te de “Perdas Valiosas”!

Valiosas, pois, facilitaram em mim transformações profundas. Falo-te sobretudo enquanto mulher, porque as perdas que partilho contigo são comuns à maioria das mulheres que sigo ou segui profissionalmente. São transversais à idade, credo ou profissão. Definem traços e comportamentos típicos de quem foi culturalmente ensinada a dar resposta, a acolher e solucionar, a presentear e responder bem, polidamente, de forma eximia e perfeita, o que quer que isso signifique.

Falo-te do Controlo, da Invulnerabilidade e da Perfeição. Conheces?

Assumir o “Controlo” era o garante dos resultados que queria alcançar (pessoais, familiares, na relação a dois, a nível profissional, financeiro… escolhe). Era deter esse poder de direcionar o rumo da história, a minha e a de quem me rodeava.

A invulnerabilidade era a máscara que me assegurava a falsa perceção de controlo…

E a Perfeição era o idealismo inalcançável que ditava as regras de como tudo tinha de acontecer, roubando espaço para simplesmente Ser, estar, usufruir ou contemplar.

Qual “regime ditatorial” que impunha a mim mesma…

Quando ousei perder o controlo, a invulnerabilidade e a perfeição, algo de muito profundo começou a acontecer em mim e, pasma-te, ou talvez não, a acontecer nos outros à minha volta.  Surgiu a liberdade para me respeitar, para apreciar e perceber com novos olhos, mais amplos… para SER!

Este tem sido há muito o meu desejo para Ti: que possas SER em totalidade, em respeito, em presença de ti, por ti, para ti e, necessariamente, então, para todos os outros. E para Ser, tens de te permitir também perder, largar, deixar ir! Perder o que não te acrescenta e te rouba em essência. Perder o que te condiciona, te impõe restrições e retira a liberdade de Ser manifestada sob todas as formas de expressão.

Hoje falo-te destas perdas valiosas que um dia ousei perder… é um caminho. Conta comigo nessa escolha, porque esta podes (pergunto… deves?) fazer! Só assim podes regressar à Tua Harmonia.

Até ti com carinho!




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